Herói Destemido

Luiz Mulato e Mozair

Compositor: Júlio César Borges

Sentei na beirada da velha estrada
Margeando a mata na encosta da serra
Na minha paragem eu olho a pastagem
E noto a vantagem que tem essa terra

Capim que é viçoso no solo argiloso
Vi meu pai saudoso fez um bananal
Agora a baixada virou invernada
E vejo a vacada no coxo de sal

No tronco caído de um velho angico
Eu pensei comigo o tempo que faz
Da nossa morada não vejo mais nada
Do nosso passado nem sequer sinais

Por ser arregrado e o patrão desalmado
Se viu obrigado meu pai se mudar
A renda que vinha pras bocas que haviam
Um jeito não tinha de se alimentar

Lembrei de criança meu tempo de infância
De quanta pujança que tinha meu pai
Com a face marcada da luta incansada
Que teve na enxada, da mente não sai

Como é que podia ter tanta alegria
Que sempre trazia a tardinha ao voltar
E sem sofrimento ele achava tempo
Naquele momento com os filhos brincar

Um rancho de palha e parede de adobo
Foi o que aqui pode minha mãe possuir
Mas era encantada não pediu mais nada
Do que a meninada que Deus permitiu

Como ela adorava assar biscoito
Nós éramos oito sem um que morreu
Quatro mocinhas e um fora de hora
Dos três da escola o mais velho era eu

A triste partida me abre as feridas
Quando a despedida eu volto a lhe dar
A mãe na saída conforta as crianças
Mantendo a esperança que vai melhorar

Na carroceria eu junto aos brinquedos
Um pouco de medo de tudo enfrentar
Mas tinha comigo um herói destemido
Meu pai, meu amigo me ensinou lutar

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